Vivias entre caixas,
dormias sobre sacas...
Dormias
e vivias
a cima,
bem a cima...
A pele brilhava,
balouçava sob a mínima brisa...
Brilhava
e balouçava,
com o minúsculo vento
que adentrava,
à mínima
e minúscula fresta da imensa porta de ferro...
porta que hora se abria
ferro que hora se fechava.
Tinha apenas
e sempre,
um dos olhos cerrados,
e um sorriso leve de lado,
(sempre muito irônico...)
Vivias infinitamente alto
superior a qualquer humano...
Enquanto em baixo,
rente ao chão de terra,
homens digladiavam-se....
Suores escorriam pelas testas,
sangues pelos semblantes,
(tão graves,
tão tristes...)
Suores misturavam-se com sangue fervente,
no duelo,
de quem possuía mais,
quem possuía menos,
quem dava mais,
quem dava menos,
quem tirava mais,
quem tirava menos...
Enquanto isso,
o felino,
(comerciante de sucesso,
empresário de talento...)
Vivia de brisa...
Enchia os pulmões
e levemente sorria...
Enquanto outra varria
os pêlos cinza...
Era apenas um bichano,
animal inofensivo...
Já os outros,
esses não.
Esses eram gatunos,
seres sem estirpe...
O tempo transcorria como locomotiva,
e os homens digladiavam-se na arena
capitalista...
Arrancando-se a si,
arrancando-se a si em vão...
E do alto o gato,
hora abria um olho,
hora cerrava o outro...
Sorria no canto dos lábios,
ria com a ponta dos bigodes...
(sempre muito baixinho...)
Sorria
e ria,
sonhando
e delirando,
com outro mundo,
com nova humanidade...
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
sábado, 4 de janeiro de 2014
O Cheiro
De onde vens?
De onde está surgindo esse cheirinho?
O cheiro entra e sai pelo bule...
O cheiro entra e sai pela xícara...
O cheiro entra e sai pela porta...
O cheiro entra e sai pela janela...
O cheiro entra e sai pela mínima fresta...
Sobe,
paira nos ares...
Paira por sobre todos os objetos,
por sobre todos os utensílios...
O cheiro se impregna na alma dos ares...
Alma boa,
alma que põe a mesa,
alma que circunda por sobre toda a atmosfera...
Os cheiros concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente...
E ao longe,
há uma montanha imensa,
montanha onde milhares de grãos sobrepostos,
concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente.
E além de muitas cercas,
de muitos pastos,
de muitas estradas,
de muitas montanhas,
de muitas léguas,
de muitas milhas,
há uma plantação bendita,
onde o cheiro brilha...
Brilha sob o sol da manhãzinha...
E tudo se liga a tudo,
tudo se soma a tudo,
tudo se multiplica a tudo,
tudo se potencializa a tudo,
todos os sentidos encaixam-se mútuos...
Cada olfato,
cada tato,
cada visão,
cada audição,
cada paladar,
cada sentido palatável...
O cheiro abarca cada mínimo resquício de espaço,
cada mínimo resquício de grão de terra...
E o cheiro transcende...
Transcende fazendas,
divisas,
municípios,
estados,
países,
continentes,
mundos...
E transcende em comunhão,
todo o universo...
Parece que nada existe,
parece que nada existiu
e parece que nada existirá jamais...
Nada além do que invade tudo,
do que abarca tudo,
do que transcende tudo,
tudo absolutamente...
De onde está surgindo esse cheirinho?
O cheiro entra e sai pelo bule...
O cheiro entra e sai pela xícara...
O cheiro entra e sai pela porta...
O cheiro entra e sai pela janela...
O cheiro entra e sai pela mínima fresta...
Sobe,
paira nos ares...
Paira por sobre todos os objetos,
por sobre todos os utensílios...
O cheiro se impregna na alma dos ares...
Alma boa,
alma que põe a mesa,
alma que circunda por sobre toda a atmosfera...
Os cheiros concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente...
E ao longe,
há uma montanha imensa,
montanha onde milhares de grãos sobrepostos,
concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente.
E além de muitas cercas,
de muitos pastos,
de muitas estradas,
de muitas montanhas,
de muitas léguas,
de muitas milhas,
há uma plantação bendita,
onde o cheiro brilha...
Brilha sob o sol da manhãzinha...
E tudo se liga a tudo,
tudo se soma a tudo,
tudo se multiplica a tudo,
tudo se potencializa a tudo,
todos os sentidos encaixam-se mútuos...
Cada olfato,
cada tato,
cada visão,
cada audição,
cada paladar,
cada sentido palatável...
O cheiro abarca cada mínimo resquício de espaço,
cada mínimo resquício de grão de terra...
E o cheiro transcende...
Transcende fazendas,
divisas,
municípios,
estados,
países,
continentes,
mundos...
E transcende em comunhão,
todo o universo...
Parece que nada existe,
parece que nada existiu
e parece que nada existirá jamais...
Nada além do que invade tudo,
do que abarca tudo,
do que transcende tudo,
tudo absolutamente...
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