sábado, 4 de janeiro de 2014

O Cheiro

De onde vens?
De onde está surgindo esse cheirinho?
O cheiro entra e sai pelo bule...
O cheiro entra e sai pela xícara...
O cheiro entra e sai pela porta...
O cheiro entra e sai pela janela...
O cheiro entra e sai pela mínima fresta...
Sobe,
paira nos ares...
Paira por sobre todos os objetos,
por sobre todos os utensílios...

O cheiro se impregna na alma dos ares...
Alma boa,
alma que põe a mesa,
alma que circunda por sobre toda a atmosfera...

Os cheiros concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente...

E ao longe,
há uma montanha imensa,
montanha onde milhares de grãos sobrepostos,
concentram-se,
unificam-se,
homogeneízam-se
e intensificam-se mutuamente.

E além de muitas cercas,
de muitos pastos,
de muitas estradas,
de muitas montanhas,
de muitas léguas,
de muitas milhas,
há uma plantação bendita,
onde o cheiro brilha...

Brilha sob o sol da manhãzinha...
E tudo se liga a tudo,
tudo se soma a tudo,
tudo se multiplica a tudo,
tudo se potencializa a tudo,
todos os sentidos encaixam-se mútuos...
Cada olfato,
cada tato,
cada visão,
cada audição,
cada paladar,
cada sentido palatável...

O cheiro abarca cada mínimo resquício de espaço,
cada mínimo resquício de grão de terra...
E o cheiro transcende...

Transcende fazendas,
divisas,
municípios,
estados,
países,
continentes,
mundos...

E transcende em comunhão,
todo o universo...

Parece que nada existe,
parece que nada existiu
e parece que nada existirá jamais...
Nada além do que invade tudo,
do que abarca tudo,
do que transcende tudo,
tudo absolutamente...

Nenhum comentário: