terça-feira, 29 de março de 2016

Corpo Primeiro

Primeiro é o corpo...
Primeiro será sempre o corpo...
nos encontramos há um metro de distância
e o meu corpo te diz o que nenhum outro corpo te diria...

Você pira.
Entreolhamo-nos,
e em seus olhos brilha a mais intensa
e infinita luz...

Desconhece-me por completo,
e meu peito,
de tão infinito,
se mostra para você,
por de trás da camisa semi-aberta,
como a mais bela e perfeita rocha...
Meus braços tatuados,
por de trás da manga dobrada,
se mostra para você,
como a mais bela
e perfeita montanha...
( A mais bela e perfeita montanha rochosa...)

Meus olhos são azuis
cabelos lisos,
loiros
Que se mostram para você 
Como a mais bela e perfeita cachoeira
de suas infinitas sensações,
E escorrem-se por toda a minha fronte...


Tenho 1 e 80,
2 metros,
aproximo-me,
desabotoo a camisa,
e você,
lentamente desliza a mão por sobre o abdômen,
por sobre meu peito,
perfeitos...
(E voce delira...)

Trocamos duas ou três palavras,
você me abraça,
Nos entrelaçamos…
Seus olhos brilham cada vez mais,
sua boca se abre num espanto,
num espasmo...
Sua face por um segundo paralisa,
(forma-se um abismo...)
E sem mesmo se quer nos conhecer,
a mim você se declara,
a mim você se dedica
e fica...

domingo, 20 de março de 2016

Poema Cívico

Acordo ás sete  horas da manhã em meu país,
e olho para além da janela.
E já não vejo tanques blindados,
homens fardados
Cavalos
ou cães policiais,
em coleiras amarrados,
ameaçando
ou cerceando o direito e a liberdade de um povo...
O direito à liberdade de seu povo...

Acordo às sete horas da manhã em meu país,
e estou sem exílios,
censuras 
ou torturas que me empeçam...

Acordo às sete horas da manhã em meu país,
e antes de sair à rua,
espreguiço-me longamente,
levanto-me lentamente,
barbeio-me,
tomo café,
escovo os dentes,
troco-me
e olho para além do infinito,
e percebo,
(como sou feliz com isso...)

Que os cavalos,
os tanques,
as fardas,
as armas
E os cães de raça
que dominavam outrora,
já sumiram há muito,
e já não podem mais,
nunca mais,
impedir-me de exercer todo
e qualquer ato,
legítimo
e democrático que quero,
apenas porque quero,
nunca mais...