Um Grande Poeta (Para Manoel de Barros)

Foi-se o poeta...
Garanto que no asfalto,
uma rosa nasceu!
Pare a vida geral!
Pois um grande poeta morreu...

Não um poeta qualquer,
não um poeta como eu.
Não um poeta
e toda a sua insignificância.
Recolhido em mil estabelecimentos.

Muito preocupado com burocracias...
Mas um poeta,
um poeta dos melhores,
um poeta dos maiores,
um poeta á vera!
Um poeta que viveu poesia.
um poeta que tinha cheiro,
Jeito,
forma
e gosto de terra...

Um poeta que andou pelo mundo,
e que passou pela vida,
com asas de infinito,
e passos de formiga...

Um poeta morreu,
e um inseto se agigantou.
Transformou-se em grande,
solene orador,
e reto no galho da mais bela árvore.
Onde um sol multicor,
inventa um arco-íris,
fez um discurso a ti
e em forma de poesia,
a ti homenageou...

Um poeta morreu,
e toda a natureza,
com toda a sua força,
beleza
e grandeza.
Toma forma,
maneira
e jeito de gente.
E aplaude de pé,
sobre a mais fina flor,
A vida e a obra do poeta Manoel de Barros!

O Velho e o Bar (para Noéli Correia)

Pegue uma mesa no canto!

Retire o teu cigarro 

Leve de leve a boca, 

Acenda-o!

Conheças sempre o teu garcom! 

Pois um bom bebedor 

e aquele que faz "certa amizade" com quem o servira!

Sente-se sempre numa posicao em que tu olhes e admires as mocas.

Contemple  essa lua bebada, 

Contemple essa noite etilica. 

noite etílica, 

lua bebada, 

que vem vadiar em tua mesa, 

vadiar em teu copo, 

 vadiar em teu cigarro, 

 vadiar em tua face, 

vadiar em teus longos cabelos de prata... 

E quando vadia, 

 teu corpo inteiro alumia! 

Creia que o que tu bebes 

 e o que tu fumas,

acalmara a tua tristeza, 

destilara a tua alegria. 

Es um homem, 

Es um velho. 

És um velho homem

que um dia nasceu,

Cresceu 

E viveu. 

Viveu inteiro,

Viveu  completo, 

Viveu absoluto... 

Viveu  para ver, 

 perceber 

 e compreender que a vida é essa, 

a vida é assim.

As pessoas vem, 

As pessoas vão…

 E o resto meu caro, 

 o resto meu velho,

ficara a critério da sorte!