quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Fazenda Boa Vista

Estava abandonado o lugar...
Pasto crescia em volta,
tomando todo o entorno...

Aliás,
já não existia mais casa,
havia apenas mato,
muito mato...

O lugar da minha infância,
transformara-se em um enorme museu à céu aberto...
As brancas margaridas,
que outrora,
as delicadas mãos de minha avó cultivavam, feneceram...

Os azulejos
e as pedras,
que perfeitamente a varanda
e o jardim dividiam,
ruíram...

E os animais,
junto com o secar das águas
e dos pastos,
morreram...

Tudo em consequência da ação do tempo,
do homem,
e de seus abandonos...
Por fim partiu meu avô,
 e mais ninguém cuidou daquilo...
Minha infância querida,
coberta por Casimiros,
morrera junto com o peito do avô,
enterrado,
em algum cemitério afastado...

E com o passar das horas,
o lugar foi ficando esquecido
e abandonado...

A “Boa Vista",
turvava,
distorcia,
tomada por minhas recordações infinitas...