quinta-feira, 26 de novembro de 2009

1-Palhaço

No lar dos meus avós 
Existe um quadro...
Um quadro de um palhaço
Encostado a uma parede de pedra,
Sentado na calçada de pernas abertas
Meio cabisbaixo com uma desiludida expressão...
E toda a vez que olho para o quadro,
Identifico-me muito com ele,
Pois sempre achei que,
Por dentro eu era aquele palhaço...
Às vezes imagino se ele realmente existiu
Se ele realmente se sentia desiludido,
Como eu na realidade me sinto...
Às vezes desejo que tudo fosse apenas uma pintura
Estendida na parede,
Eu não queria sofrer,
Não queria mesmo...
Mas mesmo que eu pertença á realidade
E aquele palhaço,
apenas á minha imaginação,
sinto-me muito identificado!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Visão

No dia em que todos os meus amores
Estiverem mortos,
Eu estarei sozinho...
E sozinho caminharei sobre os seus corpos...
No raiar deste dia,
Serei uma convexa janela
mirando para dentro...

Como se assistisse
A um filme atemporal
Ré-rodado em segundos...
E nada mais importará no mundo,
Além da espera infinita,
De chegar minha vez um dia!

domingo, 15 de novembro de 2009

Pequena Homenagem aos seus 100 anos(Para Oscar Nyemeier)

Poesia concreta,
Arquitetura moderna,
Resistem sob o tempo!
A trêmula mão,
É a mesma que desenha
Com estilo preciso,
Um revolucionário arco...
A indissolúvel forma do ser,
O anti-Le Corbusier!

sábado, 14 de novembro de 2009

Palavra-Guia

A palavra é bússola,
A palavra é guia
E guia o leitor-escritor
Ao encontro
Da palavra exata...
A palavra veste-se e trans-veste-se,
(...De sentidos fantasia-se...)
Com o significado sob o significado,
O que no fim,
“Nada” significa “algo”...
(Algo que os ouvidos e as mãos ou os ouvidos das mãos do escritor-leitor jamais codificam; no momento em que ele na palavra se perde, justamente porque a desconhece...)
De repente um significante do papel brota...
E como uma palavra-fruta
Ou uma palavra-flor...
O mais perfeito e retilíneos dos caminhos
É indicado ao leitor-escritor
No momento em que profundamente, se analisa, se conhece e se chega ao cerne da palavra-fruta,
Ao cerne da palavra-flor...
E é quando surgem aos seus olhos 
E ás suas mãos 
O mais perfeito dos sentidos...
A fruta-flor palavra ...
E o leitor-escritor,
todo o poema amarra!

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Poemas Para Namorada (Para Francisco Bosco)

Jamais faça poemas para namorada...
Pois não existe amor
Que dure mais que poesia...
Uma namorada apenas no coração se guarda,
(Jamais na poesia é resguardada...)

Pois o poema que escreves,
Amanhã poderá ser,
Apenas uma triste e dolorosa lembrança
De tudo aquilo que não desejas ler...
Mas faze questão de apenas esquecer...

Rasgues tu,
O teu poema,
E o lance na fogueira!

sábado, 7 de novembro de 2009

Um quadro da cidade

Eu quis fazer algo de especial
em comemoração aos 254 anos da velha Ponte Nova... 
Algo para ficar... 
Para ser lembrado.
 De muito especial... 
 Refleti durante um longo tempo,
Ate  que eu cheguei à conclusão, 
Que eu iria pintar um quadro territorial! 
Bem , 
Primeiramente,
 pintei as suas calçadas amplas, 
 com cores tristes... 
Fiz as mil e uma pedras onde trafegam carros e carroças simples... 
Depois peguei as cores mais floridas 
E pintei as casas pobres uma bem ao lado da outra, 
Como  se fossem uma maria-fumaça de partida...
Reproduzi as expressões dos habitantes de lá, 
 o seu estilo de vida... 
Pintei com um pincel marrom e fino, 
 a igreja mais bela, que toca
 Toca o sino, 
Toda vez que na cidadezinha, 
 o sol descobre a solidão de sua pacata escuridão... 
Fiz as árvores tortas com folhas e flores Brasileiras, 
 e multicoloridas…
 Pintei a pracinha dos namorados 
Com um céu azul 
e bem claro,
 a iluminar o amor, 
O mais puro e verdadeiro amor dos pombinhos apaixonados... Pintei um menino na pracinha tocando violão para uma moreninha, 
Que logo depois, 
caiu como noite
Em seus braços fatigados... 
fiz um rio comprido que divide a favela dos paralelepípedos, 
E da cidade de Ponte Nova, 
Seus mais famosos prostíbulos... 
E para finalizar, 
Com tinta preta, 
Em baixo do quadro escrevi, 
A data, 
Meu  nome 
E o nome da cidadezinha, 
Que eu pintei com tanto carinho, 
Que eu pintei com tanto prazer!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Minas Gerais (A História de seu interior....)

A história de seu interior,
Está na inscrição deixada sobre o barro,
Pelas rodas de carroças e
Patas de cavalos...

A história de seu interior,
Está nas pedras geométricas
Que cobrem tudo o que antes era trilho de trem
Ou estrada de terra...

A história de seu interior,
Está nas poças de chuva,
Que enlameiam os pés,
As mãos e
As almas...
Deixadas pelas enchentes passadas...

A história de seu interior,
Está em certas censuras,
De homens e mulheres
Com suas faces duras...
Que em sua história ficaram,
Tatuadas...

Como patas de cavalos
E rodas de carroças,
Deixando sua marca,
Mais profunda no interior
De sua memória!