domingo, 8 de junho de 2025

Eminência de morte

Vou fechar os olhos agora meu amor... Dê-me suas mãos aqui. Não sinta medo, Não sinta nada, Nem amor, Nem dor, É apenas a morte Cavalgando em mim. (E como ligeiro!) Sinto meu sangue esfriar E tudo de repente, Congelar. Meus olhos estão pequenos, Miúdos, Serenos. Os meus cílios vão e vem, Numa velocidade de mais de um milésimo de segundo... (O que é normal E não menos banal...) Não sinta medo, Nem dor, Meu amor, É apenas morte... Vou partir, Eu já sei. Mas eu não sei, Se triste ou feliz, Pois, Como já disse, É apenas morte em mim. Meu sangue, Agora eu sinto, Neste recinto Perfeitamente esfriando. As veias congelando, A pele enrijecendo, E o coração, Você sabe, Já não apanha, Não bate, Nem arde. Espera, É agora... Eu vejo um túnel lindo, Um túnel que eu não via outrora. A minha vida toda, Passa-se como um filme, Rodando na minha cabeça, Apenas num segundo... As cortinas todas se fecham Como se numa peça, um teatro sem público!

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