sábado, 31 de maio de 2025

Vô (Para Fernando Sérgio Rodrigues Caldas)

Ah, eu me lembro muito bem, E como! Ele voltava do trabalho Ou da roça Com seu fusca vermelho ou branco E o estacionava na garagem... Meu avô era um homenzinho baixo, De um pouco mais de um metro e cinquenta Barrigudo, Mas com o coração de ouro operado... Vovô entrava em casa, Em Muriaé Cidade cheia de mulher... Colocava a sua bolsa marrom em cima da mesa Junto com as chaves do carro, Virava o seu rosto, Olhava para mim, Sorria E assoviava... Depois ele se deitava na sua cadeira predileta Da sala, Em frente à TV, Esticava as pernas E em seu peito eu me deitava. (O peito do vovô era velho e cabeludo...) Mas era tão gostoso, Tão macio, Tão quentinho, Ele acariciava os meus cabelos E na maioria do tempo mantínhamos calados, Muito calados... Segundos depois, Ele docemente se virava para mim E me falava: “Dadá, Bota a cabeça deste lado do meu peito, Porque o outro é operado...” E eu botava... Segundos depois, Nós ríamos, Sorríamos E ele continuava a acariciar os meus cabelos, Tão negros... Depois eu fechava os olhos, Fingindo dormir, (Eu sempre fui um perfeito fingidor...) E ele continuava a acariciá-los. Que momento! Que gostoso! Ah, Carinho de vovô realmente não tem preço! Depois crescemos, envelhecenos, O tempo passou, E eu ja não cabia no peito do vovô. (Ah, Que pena...) Hoje, passados tantos anos, eu ainda questiono: “Porque Diabo mesmo, Deus criou a morte...”

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