É um dia chuvoso
E eu estou parado na esquina,
Esperando o sinal fechar
Pensando na sua morte...
Fazem quase cinco meses que você se foi.
Você partiu
E me deixou às sete e meia da manhã,
Nesta esquina sob uma chuva torrencial...
E pensando também,
Que depois de maio,
Eu nunca mais vou te ver...
Estou de calça jeans,
Boné, casaco e que saco!
Não pára de chover...
A chuva não desenterrará você,
A chuva apenas levará as suas cinzas
Para um lugar que eu não sei onde...
O sinal se fecha,
E eu,
Sob a chuva,
Atravesso a rua,
Ando mais alguns quilômetros,
Chego ao meu local de trabalho,
Pensando sempre na sua morte.
Vejo você dentro daquele caixão,
Pálido e tranquilo,
De sentidos cerrados,
Seu corpo sob flores
Na sala daquele cemitério...
Você,
Meu único avô,
Morto,
E depois cremado...
Seu corpo reduzido em uma caixinha de madeira…
Depois,
Talvez,
Jogadas ao mar pelas mãos de minha avó...
Eu estou em pé nesta esquina às sete e meia da manhã,
Sob uma chuva torrencial pensando em tudo isso...
E pensando também
Que talvez,
A morte seja apenas um rapaz de boné, casaco e calça jeans
Em pé,
Numa esquina,
Sob uma chuva torrencial,
Esperando o sinal fechar
Sem nunca conseguir atravessar!
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