sexta-feira, 4 de outubro de 2024

Na Esquina Pensando Na Sua Morte

 É um dia chuvoso

E eu estou parado na esquina,

Esperando o sinal fechar

Pensando na sua morte...

Fazem quase cinco meses que você se foi.

Você partiu

E me deixou às sete e meia da manhã,

Nesta esquina sob uma chuva torrencial...

E pensando também,

Que depois de maio,

 Eu nunca mais vou te ver...

Estou de calça jeans,

Boné, casaco e que saco!

Não pára de chover...

A chuva não desenterrará você,

A chuva apenas levará as suas cinzas 

Para um lugar que eu não sei onde...

O sinal se fecha,

E eu,

Sob a chuva,

 Atravesso a rua,

Ando mais alguns quilômetros,

Chego ao meu local de trabalho,

Pensando sempre na sua morte.

Vejo você dentro daquele caixão,

Pálido e tranquilo,

De sentidos cerrados,

Seu corpo sob flores

Na sala daquele cemitério...

Você,

Meu único avô,

Morto,

 E depois cremado...

Seu corpo reduzido em uma caixinha de madeira…

Depois,

Talvez,

 Jogadas ao mar pelas mãos de minha avó...

Eu estou em pé nesta esquina às sete e meia da manhã,

Sob uma chuva torrencial pensando em tudo isso...

E pensando também

Que talvez,

A morte seja apenas um rapaz de boné, casaco e calça jeans

Em pé,

Numa esquina, 

Sob uma chuva torrencial,

Esperando o sinal fechar

Sem nunca conseguir atravessar!

 

 

 

 

 

 

Nenhum comentário: