Sento-me às oito horas da manhã na padaria Santa Marta.
Estou completamente sozinho
E vejo a fumaça do meu café se evaporando no ar...
Combino um encontro que,
mais uma vez,
Não acontece.
Vejo às pessoas passarem a minha frente,
E ao meu lado.
Bebo,
Abro o jornal que compro na banca
E leio as notícias que me interessam,
Que não me interessam,
Que já sei,
Que não sei,
As que eu quero saber
E as que não quero saber...
Hoje é Domingo
E Domingo é o meu único dia de folga.
Um cachorro passa,
Pára,
Late,
Me lambe
E segue a diante.
O meu desejo é convidar as mulheres para se sentarem comigo,
Para conhecê-las melhor,
Bater àquele papo,
Pegar em suas mãos
E,
Até quem sabe,
Abraçá-las,
Beijá-las...
Sinto e não sinto uma grande esperança no país.
Eu não quero mais sair dali.
Eu quero ficar ali.
Eu sou um Brasileiro da classe média
Que trabalha de segunda a sábado,
Para ganhar um pouco mais de um salário.
Que aos Domingos,
Lê o seu jornal
e toma o seu café.
Fecho-o,
Dobro-o,
Coloco-o de baixo do braço,
Pago a garçom
E volto para casa.
Vejo o futebol
E às olimpíadas.
E,
Mais uma vez,
Torço para a minha cidade melhorar.
Torço pelo Flamengo,
Torço para a seleção ganhar
E espero segunda chegar.